Especialista discute desenvolvimento da fala e linguagem em crianças na pandemia

Fonoaudióloga Gislaine Folha conversou com pais e professores

 

“Comunicação pós-pandemia – Como o fonoaudiólogo pode ajudar no desenvolvimento da fala” foi o tema da live do dia 14 de outubro, dentro das atividades do “Mês Santa Úrsula – Conexões que transformam vidas”, do Colégio Santa Úrsula.

 

A orientadora Educacional Ana Paula Correa de Souza mediou o bate-papo com Gislaine Folha, fonoaudióloga, especialista em motricidade orofacial, mestre e doutora em Ciências pela USP (Universidade de São Paulo). A atividade foi transmitida pelo canal do YouTube e pelo perfil da escola no Facebook.

 

Gislaine Folha introduziu o bate-papo diferenciando o que é “fala” e o que é “linguagem”. A primeira é a representação motora da linguagem, uma forma de articulação, reprodução do que se escuta, o resultado de uma linguagem. Já a segunda é algo superior, uma faculdade humana que tem função simbólica, influenciada pelo processo de desenvolvimento do conhecimento e parte da capacidade de representação.

 

A linguagem existe de forma prévia, embora seja elaborada socialmente e estruturada cognitivamente. Depende do processo “maturacional”. É sensível aos inputs ambientais. Crianças expostas a um espaço favorável, seja familiar ou escolar, têm muito mais pontos positivos para o desenvolvimento da linguagem.

 

A pandemia e o isolamento social apresentaram um impacto um tanto quanto negativo no desenvolvimento da linguagem em algumas crianças. A fonoaudióloga explicou que já existem estudos em andamentos sobre o assunto e que foi perceptível o aumento por acompanhamento profissional.

 

“Falamos de crianças que ficaram em isolamento, sem contato com um dos pais ou com outras da mesma idade. O uso de máscaras também foi um fator de contribuição. Não atrapalhou a fala e a articulação dos sons, mas, sim, a comunicação não verbal, a linguagem, o entender das expressões dos outros e consequentemente, saber se expressar”, contou a Gislaine Folha.

 

Marcos do desenvolvimento

 

Os marcos do desenvolvimento são um conjunto de habilidades que a maioria das crianças atinge em uma determinada idade. Eles ajudam pais e professores a perceberem quando os alunos não estão acompanhando as aulas como esperado. Servem como base de quais habilidades eles podem adquirir em cada fase.

 

No entanto, é comum que os marcos não aconteçam, exatamente, nos períodos indicados, porque isso depende da individualidade da criança. Mas é importante conhecê-los, pois o não desenvolvimento de todas as potencialidades podem indicar problemas.

 

“Embora haja variação na aquisição de habilidades, existe uma sequência cronológica semelhante de desenvolvimento entre as crianças. É possível descrever fases evolutivas e observar o domínio crescente das habilidades cognitivas e comunicativas de acordo com a faixa etária. Isso nos ajuda a perceber possíveis dificuldades”, destacou Gislaine Folha.

 

Troca ou omissão fonética

 

A fonoaudióloga pontuou que existe uma idade esperada de aquisição de cada som da fala e sinais a serem captados para entender qual deve ser a hora de buscar um profissional: a troca ou a omissão fonética. O Transtorno Fonológico é caracterizado pela produção inadequada dos sons, gerando o desvio fonológico ou fonético, que são duas formas de alterações nas quais ocorrem as trocas na fala.

 

Fator Fonético ocorre quando a criança possui alguma alteração na sua musculatura facial ou mesmo na sua dentição que modifique a produção adequada dos sons. Ela não consegue articular de forma correta. Um exemplo é a famosa “língua presa”. Já Distúrbio Fonológico é uma desorganização na produção dos sons. As crianças sabem o que querem falar, mas se confundem com os sons.

 

Gislaine Folha terminou chamando a atenção para outra questão que pode estar relacionada a problemas fonológicos, como a audição, pois é a principal via de entrada para que a aquisição linguística se torne possível. Por falha na audição muita informação é perdida.

 

“Os pais conhecem seus filhos. Na dúvida, não esperem, procurem ajuda na escola e de profissionais. Assim será possível compreender e identificar as características de cada alteração, para que uma conduta terapêutica específica e apropriada seja planejada para cada caso”, concluiu.

 

Assista a live: https://www.youtube.com/watch?v=FvoFR32QAys

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